Antes de implantar qualquer projeto, atente para que ele comece bem. É melhor gastar mais tempo planejando e refletindo a respeito do que irá fazer, do que começar errado e precisar de acertos e improvisações no meio do caminho. Já vi empresas montarem estruturas comerciais apressadas para depois amargar a transferência de boa parte do faturamento conquistado para parceiros que não mereciam porque o sistema não foi suficientemente bem trabalhado.
A pressa em lançar produtos ou serviços, sem o devido preparo, deve ser contida – o excesso de entusiasmo é péssimo conselheiro. A ânsia de alguns departamentos, principalmente dos comerciais, em aproveitar as datas promocionais para lançamentos com justificativas do tipo “não podemos perder o Natal/o verão/a safra…”, faz pular etapas importantes do processo. Queimar a largada compromete o futuro do negócio. “A hora é a hora, antes da hora não é a hora, depois da hora também não é a hora”, diz um ditado militar.
Conheci um marceneiro que antes de fazer qualquer trabalho reunia todas as ferramentas, peças e acessórios de que precisaria para montar um móvel. Estudava minúcias como o comprimento, a espessura e até o modelo do passo dos parafusos. Verificava se as ferramentas, formões e serrotes estavam bem afiados, buscava as chaves de fenda certas e as ferragens necessárias. Reunia tudo em cima de uma lona e só então começava a trabalhar. Um apresto demorado e irritante para quem observava de fora, mas extremamente necessário para seu estilo de trabalho. Até hoje não encontrei ninguém tão competente, rápido e caprichoso quanto ele.
Essa maneira “à la brasileira” de fazer negócios – planejar pouco, arrumar-se no meio do caminho e ganhar dinheiro rápido – nasceu há muito tempo, quando nossos antepassados, aventureiros, vinham para cá fazer fortuna com a intenção de voltar correndo para a Europa. Deu certo para alguns, errado para muitos.
Herdamos um modo de trabalhar que nos torna afoitos e deixa de lado qualquer tipo de planejamento. Soma-se a esse modo de ser o longo tempo de convivência com inflações galopantes, quando planejar, mesmo que fosse para os próximos três meses, já era muito, mais a eterna mocidade do nosso povo e a abundância de meios de sobrevivência, para termos como resultado a falta de necessidade em planejar – seguimos o preceito bíblico: basta a cada dia o seu mal.
Os tempos mudaram e, além de minucioso planejamento, temos de começar o trabalho de maneira correta, pois já não se permitem erros como antigamente. A concorrência está extremamente acirrada, os meios de comunicação são em tempo real e as pessoas não têm mais paciência para esperar. A correção de rumo é cansativa, cara, e às vezes até impossível. Por isso, cuide para não errar no início, faça planos detalhados, perca tempo analisando todas as possibilidades e cuide para que os sistemas funcionem a contento.
Os guerreiros vitoriosos vencem primeiro, só depois é que vão à luta. Está na hora de aposentar a velha dística cabocla: “É no andar da carroça que as abóboras se acomodam.”
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