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ARTIGO: PROPÓSITOS

Qual é o seu grande propósito de vida?

Esses dias caminhando pelo shopping, buscando os presentes que ainda faltam para o grande dia do Natal, encontrei com uma amiga de mais de 20 anos. Como não podia ser diferente, sentamos para tomar um café e relembrar alguns acontecimentos interessantes de todo esse percurso: momentos de diversão, pesar, conquistas, namoros… Tudo aquilo que vocês sabem que existe quando conhecemos uma pessoa com esse tanto de tempo pra trás.


Não podiam faltar histórias das nossas viagens de fim de ano: Búzios, Florianópolis, Ilha do Mel… Até Copacabana (essa inesquecível pelo fato de que só foi possível entrar no ônibus às oito da manhã do dia 1.º de janeiro). Entre muito champagne, bacalhau e uvas (daquela simpatia dos 12 pedidos), lembrávamos de todas as promessas que fazíamos para o ano seguinte: vida fitness, mochilão pelo mundo, doar a cabeleira, parar de beber… Enfim, foi um encontro e tanto com aquela amiga tão querida.

Voltando pra casa, me peguei pensando: “e por que não conseguíamos sobreviver àqueles propósitos nem mesmo até o meio do ano (alguns até mesmo no carnaval já estavam sepultados)?”

Muitas vezes estamos aí vagando entre muitas ideias e promessas que gostaríamos de realizar, porém, a rotina do dia a dia, ou algum outro projeto que vai de encontro com àquele inicial, acaba  nos desmotivando e começamos a colocar desculpas para não seguir nossos planos (aquele churrasquinho de final de semana, aquela festa open bar, aquele novo namoradinho que ama minhas lindas mechas…), sim ou não?

Minha reflexão desse dia e que continuo agora com vocês é: quão importante é ter claro nosso propósito de vida! Aquele norte que nos motiva a acordar todas as manhãs e que dá sentido e direção às nossas ações!

Napoleon Hill, um dos escritores mais vendidos dos últimos anos, com best sellers como "Pense e enriqueça" e "Mais esperto que o diabo", diz que “todos que se tornam autodeterminados em suas vidas irão infalivelmente encontrar o sucesso” e reforça ainda sobre a importância de se ter um "objetivo principal definido" como uma das suas principais "16 leis para alcançar o sucesso".

Entre os grandes escritores, não é somente Hill que disserta sobre o tema. Victor Frankl é outro escritor (psicólogo, psiquiatra e filósofo) que sobreviveu a um dos campos de concentração mais letais durante o Holocausto, o de Auschwitz. Frankl é autor do famoso livro “Em busca de sentido”, onde relata o quão importante é encontrar esse sentido como o grande fator que torna possível o homem sobreviver a situações difíceis.

 

Agora que nos aproximamos novamente ao Réveillon, temos novamente uma oportunidade de refazer alguns propósitos e eu quero convidá-los (a mim também, na verdade) a refletir sobre qual é esse meu grande propósito de vida que dá sentido a todos os demais? Quais são as crenças mais profundas que guardo que podem afetar a minha busca por realizá-lo? Quais são os meus cinco principais valores que definem minhas grandes decisões, pessoas e ambientes que frequento?

 

Com isso claro, ou pelo menos um rascunho a ser profundamente analisado, eu poderei começar a traçar os planos para o ano de 2022, que diferentes daqueles juvenis que foram motivo da resenha com essa querida amiga em meu último passeio pelo shopping, terão seu devido valor quando vierem aqueles momentos de conflito com novos projetos ou algo que possa ser um entrave para continuar meu caminho de realização pessoal

Boa "sorte" para nós e um excelente ano de 2022 a todos.

Talita Alves - Trainer e Especialista em Efetividade e Gestão do Tempo.
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Você errou… Parabéns!

Mindset

Empresas apregoam aos seus funcionários que evitem erros e dão ordens quase sempre ameaçadoras: antes de agir, eles devem analisar com extremo critério todas as possibilidades e relacionar cuidadosamente os prós e os contras; devem investigar todas as alternativas, sendo reflexivos e ponderados, sem se esquecer de usar o caríssimo e complexo software de análise estatística, pois a qualquer deslize o bicho papão da demissão os pegará. Ora, ao cercear as possibilidades de erro, a empresa não inovará nem fará com que suas equipes sejam criativas – a maior exigência do mundo atual – e criará um bando de carneirinhos adeptos ao “Yes, Sir!”. Funcionários podem ser criativos em casa, na rua, com os amigos e com seus hobbies, mas ao bater o cartão ponto deixam de sê-lo. A ordem não se pode errar é a mesma de não se pode ousar, criar e inovar. Quem não está disposto a arriscar não vai ser criativo e inovador nunca.

         Este contexto é contraditório, pois ao mesmo tempo em que se prega a necessidade da inovação solicita-se o extremo cuidado na tomada de decisões. É por isso que temos tanta gente com muita capacidade para dizer “não” e pouquíssima com capacidade para dizer “sim”. Hoje, as decisões, quando acontecem, são repartidas em comitês porque ninguém tem a coragem de se arriscar. Com isso emperram-se os processos, perde-se tempo e as oportunidades irão bater à porta da concorrência. Gente criativa não fica em empresa castradora; se ficar será tão infeliz que não vai ajudar em nada.

         Dirigentes precisam entender que produtos campeões nasceram muitas vezes de erros históricos e que foi preciso errar muitas vezes para se chegar a uma solução satisfatória. Não estou fazendo apologia as falhas grosseiras, chulas, advindas da falta de atenção ou do relaxo, estas devem ser punidas. Erros oriundos de iniciativas de se fazer melhor devem ser incentivados. 

 Não aprendemos com os erros, mas com a correção deles.

Se cometemos um erro que custou 10 reais e não aprendemos, pagamos caro; mas se cometemos um erro que custou mil reais e aprendemos, pagamos barato. Nesta paráfrase de uma afirmação do filósofo Shopenhauer, entendemos que não é exatamente com os erros que aprendemos, mas sim com a correção desses erros. 

         Ao iniciarmos um novo projeto não devemos ter medo de errar; aliás, devemos sim errar bastante – e quanto mais cedo errarmos, melhor. Se não deu certo, não tem importância: o aprendizado nos ajudará a recomeçar os projetos já com a expertise incorporada. Se ao longo de um processo não erramos em nada, com certeza é sinal de que também não inovamos. Processos, sistemas e projetos precisam ser corrigidos sempre. Warren Buffett, um dos homens mais ricos do mundo disse: “Se a cada dez tentativas errarmos quatro, isto não é errar.”

 O medo de arriscar inibi a criatividade e a inovação

O receio de se arriscar, hábito que aprisiona e inibe a criatividade, tem a ver com o julgamento e a culpa, frutos de uma busca de perfeição desnecessária, pois nem sempre os trabalhos empresariais precisam ser perfeitos. Sendo menos rigorosos com o nosso desempenho enfrentamos melhor os desafios e compreendemos que uma bola na trave vale mais do que uma para fora. Bolas na trave indicam que estamos muito perto do ideal e que não podemos nos acomodar. O repartir das tentativas e das correções motiva a todos e os mobiliza na busca do rumo correto. 

Zonas de conforto induzem ao medo de errar e à imobilidade. Por outro lado, não é bom ficar preso aos erros do passado e em lamentações sem fim. Tal atitude só piora a situação. Um dos truques para se livrar dessa culpa é rememorar o erro (pela última vez) criando uma história fictícia, é claro, mas com final feliz para a situação e repeti-la algumas vezes. O erro e a culpa irão embora da nossa mente e estaremos preparados para cometer novos erros e, com certeza, com a capacidade criativa liberada. Ao nos livrarmos do medo dos erros, um novo e brilhante caminho em nossa carreira será aberto.  

NAVEGAÇÃO

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    Conheça sua Medida

    Certa vez o escritor José Saramago deu o seguinte depoimento: “Um dia percebi que deveria ficar atento aos meus limites e esses marcariam uma linha a qual eu não deveria ultrapassar. Seria como saber o alcance das minhas competências. Resolvi, então, ficar dentro delas e, curiosamente, foi a partir dessa resolução que o meu mundo se expandiu. Saber o tamanho das minhas pretensões deixou-me livre para escrever com mais facilidade”.

    Estar ciente dos nossos limites, competências e pretensões é sinal de sabedoria. Muitos se esforçam tanto para ser o que não são que se esgotam em ações vazias e resultados pífios. Saber até onde podemos ir nos dá serenidade de espírito, tranquilidade para trabalhar e um caminhar menos estressante. Resultado: o mundo se abre para nós e os limites naturalmente se expandem. É um paradoxo, mas é assim que funciona.

    Ao adotar tal atitude, em vez de diminuir o espaço das nossas ações, aumentamos, porque seremos senhores dos nossos pontos fortes e fracos e saberemos o que é adequado fazer ou não. Agindo assim, cometemos menos erros.

    A constante auto-observação sobre o próprio modo de agir nos fará entender melhor nossas qualificações, nos dirá até aonde poderemos chegar com naturalidade e nos manterá fora de complicações, pois não iremos nos meter a fazer aquilo para o qual não estamos preparados. O velho ditado: “O sapateiro não deve ir além das botas” nos aconselha a não nos meter a dar palpites ou tentar fazer o que não sabemos. Se a nossa competência em futebol é para ser um perna de pau não dá para querer ser um Neymar.

    Os jovens cunharam uma frase para qualificar aquele que não sabe direito o seu lugar: “o sem noção” – indivíduo pretensioso que quer ser ou parecer mais do que é. Outro dia, conversando com um amigo sobre o tema “ambição”, ele, especialista na área do empreendedorismo, me saiu com essa: “Tem gente que é pretensiosa demais, pensa em conquistar o mundo e não tem competência nem para dar conta do seu bairro.” Para esses o conselho do Saramago: atente-se aos seus limites e vá adquirindo competência e habilidades para alçar, aos poucos, voos mais altos. Isso vai dar confiança e evitará quedas bruscas.

    Jovens executivos, recém-saídos da faculdade, já querem cargos de diretoria. Nada contra a pretensão – faz parte da natureza humana – mas para desempenhar bem um cargo elevado, de comando e liderança, são necessárias altas doses de maturidade e experiência. Ícaro, ao escapar do labirinto do Minotauro com asas feitas de penas de pássaros e coladas com cera de abelha, foi pretensioso demais. Desobedeceu ao pai, Dédalo, e voou em direção ao sol. Caiu porque a ambição desmedida mata.

    Prestar atenção ao modo como agimos e definir a medida de cada competência e habilidade nos diferentes tempos das nossas vidas é um exercício constante de autoconhecimento, concentração e humildade. Ao tomarmos uma decisão importante, devemos pensar se realmente estamos aptos a arcar com a empreitada e quais os resultados finais dessas ações. 

    O conselho vale também para melhorar nossas relações interpessoais, pois estar ciente do modo de agir dos outros – parceiros ou concorrentes – facilita a maneira de lidar com eles e nos livra de dissabores, muitas vezes camuflados em falsas intenções.

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    Não perca o momento certo

    Assim como no teatro, também no mundo empresarial, é preciso ter timing

    Há uma hora mágica chamada hora da sedução, deixada passar o encanto e o fascínio se desfazem e com eles o interesse daquele que seria seduzido. Existe a boa hora para tudo: a de agir, de apresentar ideias, trabalhos, falas, solicitações e discursos. Bons sedutores sabem a hora exata de atuar, seja no fechamento de uma venda, na concretização de um negócio, num pedido de aumento/promoção ou pedir alguém em casamento.

    É preciso estar atento a este momento mágico, brevíssimo, quando a oportunidade se apresenta – o instante fugaz capaz de mudar o destino de nossas vidas. Bons articuladores usam da astúcia para tecer estes momentos, isto é, vão construindo passo-a-passo a melhor hora para seus propósitos – conduzem as circunstâncias a seu favor. A este tempo de urdidura, de montagem dos momentos propícios e de preparação para a ação final podemos chamar de cronos. E ao tempo em que tudo muda podemos chamar de kairós em linguagem moderna – o momento da virada ou turning point.

    Senso de timing – qual a hora certa de entrar ou sair de cena?

    Há no teatro o senso de timing. Isto é, saber o momento exato de entrar, falar, ficar quieto e sair de cena. Precisamos aprender a desenvolver este atributo para uso em nossa vida real. Políticos experientes sabem a hora certa de falar com seus eleitores, escolhendo com critério a ocasião propícia para apresentar ideias, brigar com oponentes, gerar fatos, aparecer ou sumir do noticiário. Quer alguém com maior poder de senso de timing do que Leonel Brizola? Sua carreira foi uma sequência de aparições corretas e desaparecimentos misteriosos. Nos seus bons tempos, quando lhe era conveniente, aparecia e provocava barulho instigando tudo e a todos. Impunha sua presença soltando frases de efeito e voltava a sumir quando percebia que isso se fazia necessário e conveniente. Sabia evitar o desgaste, o excesso de exposição e não se queimava na mídia.

    E no futebol – qual é a hora certa?

    Grandes craques possuem senso acuradíssimo de saber a hora certa de fazer o passe, roubar a bola do oponente e finalizar gols. Domingos da Guia, graças à sua misteriosa capacidade em se materializar de uma hora para outra e roubar a bola dos pés do adversário, foi considerado o melhor zagueiro do nosso futebol. Sobre a sua arte de roubar as bolas, dizia, brincando: se chego antes, é cedo; se chego depois, é tarde; só tem uma hora para chegar e roubar a bola, a hora certa.

    Saiba tirar proveito das circunstâncias

    Atentos às situações favoráveis, poderemos tirar melhores proveitos das circunstâncias. A hora é a hora, antes da hora não é a hora, depois da hora já não é mais a hora. Com esse ditado, os militares alertam existir o momento certo para tomar decisões. Saber agir na hora certa é privilégio de poucos. Estamos tão imersos na ansiedade do “tudo para ontem” que perdemos a noção de um dos maiores presentes que a natureza nos oferece: perceber a hora correta da maturação, pois uma fruta colhida antes do ponto é imprópria e depois apodrece e cai.

    O tempo e as oportunidades não esperam por ninguém

    Visionários que se apresentaram antes do tempo pagaram alto preço pelo pioneirismo. Se isto foi necessário ou não é outra história, mas milhares de artistas, inventores, empresários, pesquisadores, políticos e estadistas propuseram suas ideias e iniciaram sua obra bem antes do momento certo. Incompreendidos nas suas épocas deixaram legados para outros que se apropriaram dos seus trabalhos, dando-lhes sequência, acertando e ficando com as regalias, os bônus e as glórias merecidas pelo antecessor. Por isso é preciso atenção: estamos na nossa hora, no nosso tempo e no nosso lugar?

    É sensato saber se comportar de acordo com a ocasião e as circunstâncias. A arte de argumentar deve ser realizada no momento certo, pois o tempo e as oportunidades não esperam ninguém.

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    Não vá morrer de sucesso…

    Nos planejamentos de marketing e nas estratégias de vendas, um cuidado quase sempre passa despercebido: atentar para que as ações postas em prática não façam a empresa morrer de sucesso. O preparo é tudo em qualquer atividade humana. Lançar produtos e serviços, sem o devido respaldo para o bom atendimento, pode significar uma bela, inócua e perigosa pirotecnia.

    É comum ouvir frases como: “Investimos muito em equipamentos, maquinários e decoração e esquecemos de treinar nosso pessoal para o atendimento rápido e eficiente”. “Os pedidos foram tantos que não tínhamos como entregá-los”. “Uma greve na Receita Federal e ficamos 100 dias sem os componentes para fabricação.” “Na hora H o fornecedor de embalagem e/ou o pessoal do transporte falhou.” “Nós, literalmente, fizemos sucesso e morremos na praia”.

    São comuns as histórias de empresários que vão atrás de uma boa idéia, investem pesado em equipamentos, maquinários, arquitetura, decoração, ações promocionais e lançamentos festivos e não dão o devido valor ao essencial do negócio: o treinamento de pessoas para gerir esse novo processo.

    O cemitério das boas intenções está cheio de investimentos fracassados que deram mais valor aos cuidados materiais do que ao treinamento dos profissionais que iriam tocar o negócio. “Não vou preparar e qualificar o meu pessoal, porque eles podem ir para a concorrência”, pensa de forma canhestra uma grande parte dos empresários.

    Muitas vezes a empresa obtém sucesso nos lançamentos, começa a atender bem e a vender com razoável facilidade, mas os sete pecados capitais, atentos ao comportamento humano, afloram no ambiente. A possibilidade do lucro fácil faz saltar os olhos dos financeiros e a ganância se instala. Quase que ao mesmo tempo a arrogância toma conta dos atendentes e da diretoria. E pecado capital chama-se pecado capital porque ele é cabeça de chave de muitos outros pecados. Caput!

    Este querer aproveitar ao máximo a boa onda faz a empresa atacar com gula por todos os lados. E à medida que os preços sobem, o acabamento despenca e o atendimento vai para o espaço. “O cliente que nos aceite do jeito que somos, temos de aproveitar ao máximo o sucesso do momento.” Na primeira oportunidade, o cliente, que era fiel por falta de opção, dá o troco e vai embora falando mal, bandeando-se para o lado da concorrência. Algumas empresas gostam de brincar com esta perigosa situação.

    Quem quer vender, quer vender muito e, em se tratando de lançamentos de novos produtos e serviços, é melhor refrear a ansiedade e realizar o trabalho aos poucos. Aprender e ajustar o processo passo a passo e resguardar-se até que todos na empresa estejam mais bem preparados e só depois acelerar para conquistar o mercado com segurança, é mais seguro e duradouro.

    As ferramentas da comunicação, principalmente as de massa, estimulam fácil o consumidor brasileiro, e este pode responder rápido e exigir quantidades que sua empresa não tem para entregar. Lançar-se no mercado sem a devida preparação pode queimar a imagem da empresa para sempre. A pior coisa que pode acontecer para um diretor comercial é vender demais e não ter como entregar o produto ou realizar mal o serviço. Por isso, cuidado, a palavra sucesso significa “aquilo que sucedeu” e este pode ser tão sufocante que sua empresa ou você podem morrer disto. E nada mais triste do que a lembrança “daquilo que poderíamos ter sido e não fomos”.

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    Admirável Mundo Novo

    Há muito tempo nós, seres humanos, buscamos formas de prever o que o futuro nos reserva. Dispomos de milhares de obras cinematográficas e literárias, previsões dos mais variados tipos…

    Mesmo diante de tanto esforço e criatividade dedicados nessa empreitada, a conclusão que temos está cada vez mais perto daquela feita a milhares de anos atrás, pelo grego Heráclito: “A única constante é a mudança”. Já entendemos que nossa capacidade de prever o futuro é bem limitada, mas isso não nos impede de entender como essas mudanças acontecem.

    Foi com esse propósito que o exército americano criou, na década de noventa, o conceito de ambiente VUCA, acrônimo de volatilidade, incerteza (uncertainty em inglês), complexidade e ambiguidade. Este conceito buscava entender como lidar com situações em que o planejamento tradicional não tem eficácia. Em contextos assim, um planejamento tático pode ficar obsoleto bem antes mesmo de sair do papel, devido a quantidade e complexidade das variáveis envolvidas.

    Embora esse conceito tenha sido criado há mais de 20 anos e seja tema de vários eventos de tecnologia, gestão e desenvolvimento humano nos últimos tempos, parece que agora, quando mais precisamos dele, sumiu do repertório. Na verdade, é só a constatação de que não estamos tão acostumados ao caos como pensávamos e, buscar nos adaptar em tempos de quarentena é crucial para nossa vida pessoal e profissional.

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    É uma questão de perspectiva…

    O tema parece estar batido, mas basta uma pandemia global para nos lembrar a importância da perspectiva com que olhamos as coisas, o nosso mindset!

    Em meio a tantas mudanças acontecendo sem nenhum aviso prévio, acabamos por esquecer de nos perceber. Ao estar sobrecarregado com incertezas e insegurança sobre o futuro, adotamos um estado constante de estresse emocional, oriundo de um ambiente social, político e econômico totalmente novo. Em meio a essa turbulência, é bem provável que muitos liguem o modo automático e voltem àquilo que sabem fazer de melhor: reagir do jeito que der!

    Adotar novos comportamentos já é bem complicado quando temos uma rotina conhecida, um ambiente controlado em que se possa experimentar. Várias preocupações pipocam o tempo todo: quanto tempo a quarentena irá durar? Continuarei tendo minha renda? Quanto dinheiro preciso guardar? Será que me adapto à nova rotina? Será que conseguirei me organizar?… Elas não param de surgir!

    Profissional estressado - Modelo Mental
    Diante de situações estressantes, nosso cérebro tende a entrar em “modo emergência”, buscando formas mais automáticas de lidar com a situação, porém nem sempre é o comportamento mais adequado.

    São muitas coisas que podem tirar nosso foco e realmente é bem compreensível que tenhamos um “pequeno” surto de ansiedade, porém é preciso quebrar esse ciclo e começar a nos perceber. Focar naquilo que não podemos mudar é um jeito atrativo de esgotar toda as energias, mas é bem pouco efetivo para resolver os problemas.

    Nessas horas, adotar um modelo mental que permita avaliar o que está ao alcance, tendo consciência do ambiente, pode ser de grande ajuda. Não só para passar por essa crise com o menor prejuízo possível, mas também para que seja um grande aprendizado de vida.

    Dedique-se ao que pode mudar

    Não escolhemos se teremos ou não prejuízos na renda familiar, mas temos controle sob a qualidade de entrega do nosso trabalho. Não sabemos o quanto de dinheiro precisaremos guardar para enfrentar essa fase, mas temos controle sob os gastos que podemos ou não cortar. Há uma infinidade de variáveis que não podemos controlar, mas outra infinidade de atitudes que podem influenciar diretamente nelas.

    Além disso, este é um ótimo momento para questionar aquelas nossas verdades e a melhor forma de fazê-lo é pedindo ajuda, buscando conselheiros. Abandone a ideia de que sua experiência é suficiente para lidar com tudo, busque ouvir verdadeiramente o que os outros têm a ensinar e, pelo menos, experimente antes de bater o martelo.

    Adotar este mindset não é garantia de que terá sempre um bom resultado, no entanto, é com certeza um ótimo modo de ampliar suas chances de sucesso.

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    Como Construir Objetivos Comuns?

    Já falamos do quão essencial é ter um objetivo comum, porém construí-lo exige atitudes colaborativas. Ao contrário do que muitos podem pensar, não é simplesmente definir os objetivos, fechado em uma sala de escritório e mandar colocar em um quadro bem produzido. Esses objetivos precisam estar incutidos em cada um dos envolvidos e isso não pode ser feito simplesmente numa determinação top-down. Na verdade, exige mais ouvidos bem afinados do que cordas vocais fortes.

    Para conseguir ouvir verdadeiramente os outros, é preciso vê-los como alguém que têm algo tão importante a dizer quanto você, colaborações tão relevantes e significativas quanto as suas. Se tendemos a levar toda conversa como um cabo de força, argumentando para ver quem tem mais razão ou aceitando simplesmente pelo outro ter mais poder, dificilmente conseguiremos chegar ao objetivo comum.

    Isso pode ser um grande desafio para muitos de nós e, por isso, daremos três dicas importantes para construir um verdadeiro objetivo comum:

    Ver os outros como sendo tão importantes quanto eu

    Se, ao conversar com alguém, sente-se melhor, mais importante, mais experiente, dificilmente levará em consideração o que o outro tem a dizer. O contrário também não ajuda, ao ver-se como menos qualificado, com menos poder hierárquico e experiência, possivelmente deixará de compartilhar ideias relevantes para os resultados.

    De fato, tendemos a nos comparar com os outros mais em termos de “maior” ou “menor” em tudo e menos como sendo tão importantes quando nós. O importante é aprimorar a autoconsciência para identificar esse processo, que chamamos de Autossabotagem.

    Humanize a figura do outro

    Embora seja de grande ajuda, só identificar a autossabotagem não irá solucioná-la. Sempre nos vemos como vítimas ou donos da razão quando entramos nesse processo, porém todos tivemos uma história de vida que nos leva a ser do jeito que somos. Busque saber mais da história de vida do outro, humanize-o e procure entender os porquês de ele agir de determinada maneira, tente compreender suas motivações e atuar sobre elas.

    Tenha conversas de alinhamento

    A única forma de humanizar a figura do outro e chegar a um objetivo comum é a comunicação, simples assim. Aplicativos, programas mirabolantes ou relatórios bem detalhados não terão eficiência se você não consegue ter uma boa comunicação com o outro. Portanto, tenha conversas constantes de alinhamento e, se não tiver resultado, busque alternativas na sua forma de comunicação, afinal você só controla suas próprias atitudes.

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    Unir para conquistar

    O que faz um aglomerado de pessoas ser chamado de organização? A resposta é bem simples, mas transformar teoria em prática não é uma tarefa fácil, nem tão pouco simples. Grande parte de nós temos a ideia de que o mundo nas empresas é resumido em competição e concorrência. Viemos de uma cultura global em que precisamos dividir para conquistar, dominar e persuadir para que nossa vontade seja feita, acumular poder para usá-lo a nosso favor.

    Porém, os tempos estão mudando, estamos vendo cada vez mais os impactos negativos que a competição e foco nos objetivos individuais podem gerar. São verdadeiros cabos de força entre colaboradores para ver quem é que manda mais, quem consegue colocar em prática as suas próprias vontades e, enquanto isso, a efetividade e recursos da empresa vão se esvaindo.

    Mais do que nunca ouvimos definições de “cultura”, “propósito” e “jeito de ser” das organizações. Nada mais é do que a definição de objetivos comuns, algo que busque unir a todos, somando forças, na construção em uma só direção.

    Objetivos Comuns

    Se antes da crise, construir objetivos comuns, já vinha sendo o sonho de muitas empresas, em tempos de quarentena é uma questão de necessidade. Assim como em outros momentos da história, é preciso buscar união, otimizar recursos e focar no essencial. Hoje, todos os recursos precisam ser utilizados de modo consciente e direcionados aos objetivos da organização, não há mais espaço para ego ou caprichos.

    Diversas vezes, durante nossos treinamentos, ouvimos participantes dizerem “eu não tenho nada em comum com aquele colaborador” e isso é muito grave. Todos nós deveríamos partir do pressuposto de que, se trabalhamos na mesma empresa, temos algo em comum com qualquer colaborador dela. Inclusive, trabalhar na mesma empresa deveria ser sinônimo de buscar os mesmos objetivos.

    Objetivos comuns são essenciais para atingir a eficiência e otimizar os recursos que os tempos de hoje exigem. Independente de ser líder de equipe ou não, a atitude deve ser a de ouvir atentamente o que seus pares, superiores, cliente internos ou externos e liderados têm a dizer, identificar pontos em comum entre eles, articulando objetivos para chegar a um que sejam comum a todos. Só assim estará unindo para conquistar.

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    Como Liderar à Distância?

    Se fazer a nossa própria gestão em home office já é um grande desafio, imagine fazer a gestão da equipe? Muitas das dicas que já demos nos outros artigos poderão ajudar, mas, aqui, essa dica é essencial: teste variações e busque o que gera os melhores resultados.

    Além dessa, temos mais 5 dicas específicas para ajuda-lo na gestão da sua equipe:

    1# Mantenha os objetivos e metas visíveis e atualizados

    Assim como já dizia o físico William Thompson no século XIX, “aquilo que não se pode medir, não se pode melhorar”. Todos estão rodeados de potenciais distrações durante o tempo todo e, ter foco, não é nada fácil, ainda mais quando cada um está em sua própria casa. Por isso, ter objetivos e metas claras, acordadas entre todos e diariamente acompanhadas é essencial para manter os esforços na direção certa.

    Faça reuniões frequentes ou adote alguma ferramenta que lhe ajude a manter todos informados sobre o status dos objetivos, indicadores e metas. Isso ajudará a manter contato constante com o que realmente precisam fazer.

    2# Faça acordos de convivência com sua equipe

    Assim como você, seus liderados também precisam se adaptar a uma nova realidade. Portanto, não espere que a situação se complique para tratar sobre as necessidades, dificuldades e objetivos envolvidos. Encontre modos de conciliar as questões de cada um com os objetivos e metas traçadas.

    Documente o que combinaram para que possa servir de consulta, tanto para você quanto para os seus liderados. Altere sempre que necessário e mediante o acordo prévio de todos.

    3# Follow up é essencial!

    Utilize sua agenda para organizar os follow-up que precisa acompanhar. Se sua equipe não está tão habituada com o home office, o ideal é combinar check points entre vocês, antes do prazo final de entrega. Isso ajudará tanto a identificar as principais dificuldades que sua equipe pode estar enfrentando nesse momento de adaptação, quanto ter tempo para correções antes que o prazo expire.

    4# Feedback também!

    Assim como o follow-up, o feedback também é uma ótima ferramenta de home office. Porém, é preciso ser um líder facilitador e não cobrador de tarefa. Tenha conversas individuais constantes com seus liderados para abordar o que está funcionando e o que não está, identifique o que você pode fazer para ajuda-los nesse processo, seja através da sua mentoria, remanejamento de atividades, treinamentos técnicos, etc.

    Também encoraje sua equipe em lhe dar feedbacks e atue sobre eles, isso lhe ajudará a afinar ainda mais sua gestão à distância, além de reduzir a falta de contato que o home office normalmente gera.

    5# Não deixe de fortalecer o relacionamento

    Não deixe que o distanciamento social esfrie o relacionamento entre você e sua equipe. Promova momentos de distração e convivência, utilize as videochamadas para jogar conversa fora ou até mesmo organizar um happy hour. Isso ajudará a fortalecer o relacionamento de todos, mesmo à distância.

    O importante é evitar só ter contato com eles para falar de trabalho, mostre que você se importa com seus liderados, ajude-os a passar por essa fase e contribua para criar um clima de colaboração e ajuda mútua, mesmo estando cada um em casa.

    Home Office Efetivo

    Juntos somos mais fortes!

    Pensamos que estas dicas não sejam só para tornar o home office mais efetivo, na verdade, tentamos trazer recomendações para a vida que parece estar mais próxima.

    O que podemos dizer é que, cada vez mais, percebemos que a união de pessoas ocorre menos por questões de origem e espaço físico e mais por suas convicções, objetivos e motivações. Ninguém sabe como o mundo será de 2020 para frente, no entanto, com certeza, terá sido feito por aqueles que conseguiram se unir em torno de um objetivo comum, pelo empenho em torna-lo realidade.

    Pensando bem… Acreditamos que todas as crises do passado sempre foram superadas por pessoas assim, ou melhor… pela união de pessoas assim! Portanto, aproveite esse momento para unir, para transcender “aquelas verdades” que limitam o seu potencial. Busque construir e apoiar, deixe-se inspirar e inspire.